Tema do Ano – 2021
Cem Anos de 1921: continuidade, rupturas, transformações
Cada um, olhado isoladamente, é passavelmente arguto e perspicaz;
Mas quando in corpore, descobre-se imediatamente que é um asno
(F. Schiller, poeta, filósofo, médico e historiador)
Cem anos depois o trabalho de Freud Psicologia de Grupo e Análise do Eu persiste em sua atualidade.
A escolha do tema do ano se propõe não apenas à celebração dos 100 anos de um trabalho que continua “menino”, mas também lança um desafio à reflexão sobre questões, paradigmas, entendimentos frente aos quais nos perguntamos: continuidade? ruptura? transformações?
Neste admirável mundo novo das redes sociais, onde multidões passaram a se pronunciar de modo intenso, onde, segundo Humberto Eco, “deu-se voz a imbecis que antes se limitavam às mesas do bar sem causar maiores malefícios”, nessas redes que se habilitam a servir de plataforma para que indivíduos, singularmente ou via grandes grupos que os agregam através das mais diversas siglas e temáticas comuns, nesse mundo de prevalência imagética, enfim, neste novo mundo com seus palanques de reprodução quase infinita das mensagens, ainda encontramos espaço para um texto pensado há 100 anos!?
Lendo Freud, Le Bon e os demais nos atinge a ideia de que os grupos são quase como “criaturas de vida própria” em seus movimentos únicos e sua capacidade de incitação de emoções e atitudes que desvanecem o singular em prol do todo.
“os impulsos do grupo são tão imperiosos que nenhum interesse pessoal,
nem mesmo o da auto preservação, pode fazer-se sentir. (…)
um traço de antipatia se transforma em ódio furioso.” (Ibid, p. 41)
Quanta atualidade!
Em seu texto Freud busca Le Bon, McDougall, pensadores que o ajudam na apreensão dos fenômenos grupais.
“O que é, então, um grupo? Como adquire ele a capacidade de exercer influência tão decisiva sobre a vida mental do indivíduo? E qual é a natureza da alteração mental que ele força no indivíduo?” (Ibid, p. 95)
1921 segue indo além… bem além… na busca do entendimento das identificações e identidades, da constituição do Eu, abrindo caminho do indivíduo até o grupo, voltando do grupo para o indivíduo, caracterizando o líder em sua função tão solitária, no final das contas… seu prestígio, sua capacidade de sugestão, seu domínio das massas.
Com Freud damos pontapé inicial através dos grupos e suas vicissitudes. Fica o convite a todos.
A obra se desdobra em múltiplas direções. É só acompanhar o líder!
Lia de Chermont Prochnik
P/Comissão de Formação Permanente






