A eleição de líderes totalitários no século XXI
uma leitura freudiana
Resumo
Freud, em 1914, postulou um tipo de escolha de objetos libidinais como apoio ou anaclítico determinado pela semelhança com o pai protetor ou com a mãe que o alimentou. Em 1921, o autor complementou expondo que também as escolhas de líderes que elegemos ao longo de nossas vidas, os quais produzem homogeneidade às massas, são frutos de uma transferência de sentimentos e idealizações àquele que instauramos como Ideal de Eu. Este artigo tem como objetivo traçar um diálogo entre a psicanálise e filósofos políticos visando pensar as vicissitudes psíquicas de sujeitos que elegem líderes de características totalitárias a despeito de toda a ameaça que representam aos sistemas democráticos de governo.
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