Uma ampliação do setting face à exclusão

contribuições de Winnicott para o cuidado clínico em equipe

  • Gustavo Vieira da Silva Universidade de São Paulo (USP)
  • Pablo Castanho Universidade de São Paulo (USP)
  • Elisa M. Parahyba Campos Universidade de São Paulo (USP)
Palavras-chave: Winnicott, exclusão, consultas terapêuticas, trabalho em equipe., atenção básica

Resumo

O artigo inicia abordando algumas experiências de Winnicott em situações que conjugavam sofrimento psíquico e questões sociais, destacando sua proposição de consultas terapêuticas em um “setting ampliado” pela colaboração de outros profissionais e serviços. Na sequência, discute-se o caso de Hesta, enfatizando a atuação conjunta de Winnicott com profissionais do território da paciente. A partir destes elementos, abordam-se aspectos do pensamento winnicottiano sobre o cuidado multiprofissional e sobre a psicodinâmica do trabalho em equipe. Por fim, analisa-se um caso acompanhado na Atenção Básica (SUS), apresentando contribuições sobre o cuidado clínico em equipe ante a exclusão social e subjetiva.

Biografia do Autor

Gustavo Vieira da Silva, Universidade de São Paulo (USP)

Psicólogo. Doutorando em Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP). Integrante do grupo de pesquisa (CNPq/USP) Clínica de Grupos e Instituições: Abordagem Psicanalítica (CLIGIAP) e do Laboratório Interinstitucional de Estudos da Intersubjetividade e Psicanálise Contemporânea (LIPSIC). São Paulo, SP, Brasil.

Pablo Castanho, Universidade de São Paulo (USP)

Professor Doutor do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP). Líder do grupo de pesquisa (CNPq/USP) Clínica de Grupos e Instituições: Abordagem Psicanalítica (CLIGIAP) e membro do Laboratório Interinstitucional de Estudos da Intersubjetividade e Psicanálise Contemporânea (LIPSIC). Membro da International Association for Group Psychotherapy and Group Processes (IAGP) e do Núcleo de Estudos de Saúde Mental e Psicanálise das Configurações Vinculares (NESME). São Paulo, SP, Brasil.

Elisa M. Parahyba Campos, Universidade de São Paulo (USP)

Livre Docente pelo Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP). Vice Líder do grupo de pesquisa e práticas clínicas em Psicossomática inscrito no Diretório de Grupos de Pesquisa CNPq. Criadora e coordenadora do Laboratório Chronos de atendimento a pacientes portadores de câncer e seus familiares. Psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). São Paulo, SP, Brasil.

Referências

ALEXANDER, S. Primary Maternal Preoccupation: D. W. Winnicott and Social Democracy in Mid-Twentieth-Century Britain. In: TAYLOR, B; ALEXANDER, S. (Ed.). History and Psyche: culture, psychoanalysis, and the past. New York: Palgrave Macmillan US, 2012. p. 149-172.

BRITTON, C. Casework Techniques in Child Care Services. Social Casework, New York, v. 36, n. 1, p. 3-13, jan, 1955. Disponível em: <https://doi.org/10.1177/104438945503600101>. Acesso em: 10 abr. 2020.

BROIDE, J; BROIDE, E. E. A psicanálise em situações sociais críticas: metodologia clínica e intervenções. 2. ed. São Paulo: Escuta, 2016.

CHIAVERINI, D. H. et al. Guia prático de matriciamento em saúde mental. Brasília, DF: Ministério da Saúde / Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva, 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_matriciamento_saudemental.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2020.

DEBIEUX, M. Uma escuta psicanalítica das vidas secas. Revista Textura, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 42-47, 2002.

DETHIVILLE, L. La clinique de Winnicott. Paris: Campagne-Première, 2013.

FREUD, S. (1919[1918]). Linhas de progresso na terapia psicanalítica. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 173–181. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 17).

ISAACS-ELMHIRST, S. Foreword. In: KAHR, B. (Ed.). D. W. Winnicott: a bibliographical portrait. Londres: Karnac, 1996. p. XV–XXII.

KANTER, J. “Let’s never ask him what to do”: Clare Britton’s transformative impact on Donald Winnicott. American Imago, v. 61, n. 4, p. 457–481, 2004a. Disponível em: <https://www.jstor.org/stable/26305006>. Acesso em: 12 abr. 2020.

______. Clare Winnicott: her life and legacy. In: ______. (Ed.). Face to face with children: the life and work of Clare Winnicott. Londres: Karnac, 2004b. p. 1-95.

ONOCKO-CAMPOS, R. Clínica: a palavra negada – sobre as práticas clínicas nos serviços substitutivos de saúde mental. In: ______. Psicanálise e Saúde Coletiva: interfaces. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 2014. p. 97-116.

PHILLIPS, A. Winnicott. Cambridge, Massachussets: Harvard University Press, 1988.

JUNQUEIRA, L. P. A gestão intersetorial das políticas sociais e o terceiro setor. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 25-36, 2004. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-12902004000100004>. Acesso em: 20 jun. 2020.

RODMAN, F. R. Winnicott: life and work. Cambridge, Massachussets: Da Capo, 2003.

SAWAIA, B. Exclusão ou inclusão perversa? In: ______. (Org). As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 7-13.

TIMMS, N.; TIMMS, R. Agency. In: ______. Dictionary of Social Welfare. Londres: Routledge, 1982a. p. 10.

______. Case conference.In: ______. Dictionary of Social Welfare. Londres:Routledge, 1982b. p. 25-26

______. Casework. In: ______. Dictionary of Social Welfare. Londres:Routledge, 1982c. p. 27-28.

WANDERLEY, M. B. Refletindo sobre a noção de exclusão. In: SAWAIA, B. (Org). As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 16-26.

WINNICOTT, C. Interview, June 1983. In: RUDNYTSKY, P. L. (Ed.). The psychoanalytic vocation: Rank, Winnicott and the legacy of Freud. New Haven/Londres: Yale University, 1991. p. 180-194.

______. Letter to the editor. International Journal of Psycho-Analysis, Londres, v. 53, p. 559-560, 1972. Disponível em: <http://www.pep-web.org/document.php?id=ijp.053.0559b>. Acesso em: 10 abr. 2020.

WINNICOTT, D. W. (1945). Para um estudo objetivo da natureza humana. In: SHEPERD, R.; JOHNS, J.; ROBINSON, H. T. (Ed.). Pensando sobre crianças. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. p. 31–37.

______. (1949). Terapia física do transtorno mental: leucotomia – II. Leucotomia. In: WINNICOTT, C.; SHEPHERD, R.; DAVIS, M. (Ed.). Explorações psicanalíticas. Porto Alegre: Artmed, 1994. p. 413-416.

______. (1955). Clínica particular. In: WINNICOTT, C.; SHEPHERD, R.; DAVIS, M. (Ed.). Explorações psicanalíticas. Porto Alegre: Artmed, 1994. p. 223-229.

______. (1957). Aconselhando os pais. In: ______. A família e o desenvolvimento individual. São Paulo: Martins Fontes, 2013. p. 165176.

______. (1958). A família afetada pela patologia depressiva de um ou ambos os pais. In: ______. A família e o desenvolvimento individual. São Paulo: Martins Fontes, 2013. p. 73-88.

______. (1959). Atendimento de caso com crianças mentalmente perturbadas. In: ______. A família e o desenvolvimento individual. São Paulo: Martins Fontes, 2013. p. 177–193.

______. (1961). Tipos de psicoterapia. In: ______. Tudo começa em casa. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 93-104.

______. (1964). Transtorno [disorder] Psicossomático. I. A enfermidade psicossomática em seus aspectos positivos e negativos. In: WINNICOTT, C.; SHEPHERD, R.; DAVIS, M. (Ed.). Explorações psicanalíticas. Porto Alegre: Artmed, 1994. p. 82-90.

______. (1965) O valor da consulta terapêutica. In: WINNICOTT, C.; DAVIS, M.; SHEPHERD, R. (Ed.). Explorações psicanalíticas. Porto Alegre: Artmed, 1994. p. 244-248.

______. (1965). The family and individual development. Londres/New York: Routledge, 1995.

______. (1968). O jogo do rabisco (Squiggle Game). In: WINNICOTT, C.; DAVIS, M.; SHEPHERD, R. (Eds.). Explorações psicanalíticas. Porto Alegre: Artmed, 1994. p. 230–243.

______. (1969). Para M. B. Conran. In: RODMAN, F. R. (Ed.). O gesto espontâneo. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 224-229.

______. (1970). A cura. In: ______. Tudo começa em casa. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 105-114.

______. (1971). Consultas terapêuticas em psiquiatria infantil. Rio de Janeiro: Imago, 1984.

______. (1971). Therapeutic consultations in child psychiatry. Londres/New York: Routledge, 2018.

______. (1986). Home is where we start from: essays by a psychoanalyst. Londres/ New York: W. W. Norton & Company, 1990.

______. (1989). Psycho-analytic explorations. Londres/New York: Routledge, 2018.

Publicado
30-11-2020
Como Citar
SILVA, G.; CASTANHO, P.; CAMPOS, E. Uma ampliação do setting face à exclusão. Cadernos de Psicanálise | CPRJ, v. 42, n. 43, p. 91-115, 30 nov. 2020.