O campo dos afetos:
fontes de sofrimento, fontes de reconhecimento. Dimensões pessoais e coletivas
Resumo
Este artigo introduz uma reflexão sobre como os afetos, emoções e sentimentos encontram-se atrelados a fenômenos intersubjetivos e trans-subjetivos apontando para o fato de que eles podem, não apenas influenciar, mas dar forma à estrutura social em diferentes dimensões. Desta forma, explora, na interface da psicanálise, da sociologia e da filosofia, a influência dos afetos na determinação de formas e fontes de sofrimento pessoal e social no mundo contemporâneo. Além disso, aponta para as possíveis formas e fontes de reconhecimento disponíveis na atualidade, buscando envolver o psicanalista em um compromisso ético, como ‘agente de cuidado’, onde o reconhecimento da alteridade seja fomentado.
Referências
ADORNO, Theodor et al. (1950). The authoritarian personality: studies on prejudice. New York: John Willey & Sons, 1967.
AGAMBEN, Giorgio (1995). Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. Belo Horizonte: UFMG, 2012.
AKHTAR, Salman. Sources of suffering. London: Karnac, 2014.
ARENDT, Hannah (1958). A condição humana. São Paulo: Forense Universitária,2007.
BARANGER, Willy; BARANGER, Madelaine (1962). La situación analítica como campo dinâmico. In: ______. Problemas dei campo psicoanalítico. Buenos Aires: Ed. Kargieman, 1969, p. 129-164.
BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
BENJAMIN, Walter. Teses sobre o conceito de história. In: ______. Obras Escolhidas. Magia e técnica, arte e política, v.1. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 221-226.
BION, Wilfred. Experiências com grupos. Rio de Janeiro: Imago, 1970.
______. Estudos psicanalíticos revisados. Rio de Janeiro: Imago, 1991.
BOURDIEU, Pierre (1993). A miséria do mundo. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2003.
CALDERONI, David (Pref.). In: STANDING, Guy. O precariado: a nova classe perigosa. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
CASTEL, Robert (1995). As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. 12. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2015.
DE MARÉ, Patrick. Koinonia: from hate, through, dialogue, to culture in the large
group. London: Karnac, 1991. ELIAS, Norbert. Os alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
EHRENBERG Alain. La fatigue d´être soi: depression et société. Paris: Odile Jacob, 2000.
FIGUEIREDO, Luis Claudio. A metapsicologia do cuidado. Psychê, São Paulo, v. 11, n. 21, p. 13-30, 2007.
FOUCAULT, Michael (1979). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 2008.
FREUD, Sigmund (1894). As neuropsicoses de defesa. Rio de Janeiro: Imago, 1974. p. 55-75. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 3).
______. (1895). Estudos sobre histeria. Rio de Janeiro: Imago, 1974. (ESB, 2).
______. (1896). Novas considerações sobre as neuropsicoses de defesa. Rio de Janeiro: Imago, 1974. p. 183-200. (ESB, 3).
______. (1915a). O instinto e suas vicissitudes. Rio de Janeiro: Imago, 1974. p.129-163. (ESB, 14).
______. (1915b). Repressão. Rio de Janeiro: Imago, 1974. p. 165-183. (ESB, 14).
______. (1915c). O inconsciente. Rio de Janeiro: Imago, 1974. p. 185-245. (ESB, 14).
______. (1916-1917). Conferência XXV: a ansiedade. In: ______. Conferências introdutórias sobre Psicanálise: parte III. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 457-480. (ESB, 16).
______. (1921). Psicologia de grupo e análise do ego. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 91-183. (ESB, 18).
______. (1923). O ego e o id. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 13-85. (ESB, 16).
______. (1926 [1925]). Inibição, sintomas e ansiedade. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 95-204. (ESB, 20).
______. (1930[1929]). O mal-estar na civilização. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 81-177. (ESB, 21).
______. (1933[1932]). A dissecção da personalidade psíquica. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 75-101. (ESB, 22).
______. (1940[1938]). Esboço de psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 1976. p. 165-237. (ESB, 23).
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: UNESP, 1991.
GILLIGAN James. Violence: reflections on our deadliest epidemic. London: Jessica Kingsley Publishers, 1996.
GREEN, André. Orientações para uma psicanálise contemporânea. Rio de Janeiro: Imago, 2002.
HOGGETT, Paul. Politics, identity and emotion. London: Paradigm Publishers, 2009.
HOGGETT, Paul; WILKINSON, Hen; BEEDELL, Phoebe. Fairness and the politics of resentment. Journal of Social Policy, Cambridge University Press, v. 42 (3), p. 567-585, 2013.
HOGGETT, Paul; THOMPSON, Simon. Politics and the emotions: the affective turn in contemporary political studies. London: Continum Publishing Group, 2012.
HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento. São Paulo: Editora 34, 2003.
HOPPER, Earl. Traumatic experience in the unconscious life of groups: the fourth basic assumption: incohesion: aggregation/massification. London: Jessica Kingsley, 2003.
HOPPER, Earl; WEINBERG, Haim. The social unconscious in persons, groups and societies, volume 1: mainly theory. London: Karnac, 2011.
______. The social unconscious in persons, groups and societies, volume 2: foundation matrices. London: Karnac, 2016.
______. The social unconscious in persons, groups and societies, volume 3: extended matrices. London: Karnac, 2017.
IMBASCIATI, Antonio. Afeto e representação. São Paulo: Editora 34, 1998.
JACOBSON, Edith. Depression: comparative studies of normal, neurotic and psychotic conditions. New York: International University Press, 1981.
LAFER, Celso (1981). Posfácio. In: ARENDT, Hannah (1958). A condição humana. São Paulo: Forense Universitária, 2007.
LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean. Vocabulário de psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 1983.
LEJARRAGA, Ana. Lila. O trauma e seus destinos. Rio de Janeiro: Revinter, 1996.
LEVINAS, Emanuel (1961). Transcendence as the idea of infinity. In: ______. Totality and infinity. An Essay on Exteriority. Springer Science & Business Media, 1979.
LEWIN, Kurt. Teoria de campo em ciência social. São Paulo: Pioneira, 1965.
MBEMBE, Aquille. Necropolitics. Public culture, Duke University Press, v. 15 (1), p. 11-40, 2003.
PENNA, Carla. Inconsciente social. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014.
PICHON- RIVIÈRE, Enrique. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 1980.
PLASTINO, Carlos Alberto. A questão dos afetos na metapsicologia freudiana. Cadernos de Psicanálise- CPRJ, Rio de Janeiro, v. 30, n. 21, p. 13-22, 2008.
SAFATLE, Vladimir. O Circuito dos afetos: corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo. São Paulo: Autêntica, 2015.
SCANLON, Christopher. On the perversity of an imagined psychological solution to very real social problems of unemployment (work-lessness) and social exclusion (worth-lessness): a group analytic critique. Group Analysis, v. 48 (2), p. 31-44, 2015.
SCANLON, Christopher; ADLAM, John. Reflexive violence. In: Psychoanalysis, Culture and Society, v. 18 (3), p. 223–241, 2013.
SENNETT, Richard (1974). O declínio do homem público: tiranias da intimidade. São Paulo: Record, 2014.
STANDING, Guy. O precariado: a nova classe perigosa. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
STRACHEY, James. Apêndice: A emergência das hipóteses fundamentais de Freud. In: FREUD, Sigmund. Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1974. p. 75-82. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 3).
VOLKAN, Vamik. Enemies on the couch: a psychopolitical journey through war and peace. Virginia: Pitchstone Publishing, 2013.
WELLDON, Estela. Playing with dynamite: a personal approach to the psychoanalytic understanding of perversions, violence and criminality. Part of the Forensic Psychotherapy Monograph Series. London: Karnac, 2011.
WILLIAMS, Raymond. Marxism and literature. Cambridge: Cambridge University Press, 1977.