Grupos de Pesquisa
Grupo de Pesquisa: “Os primórdios da Vida Psíquica – Clínica dos Primeiros Anos”
Coordenação: Diana Dadoorian, Maria de Fátima de Amorim Junqueira,
Regina Celi Bastos Lima, Regina Orth de Aragão, Tereza Carsalade
LAÇOS: O BEBÊ, SEUS PAIS E O SOCIAL
Nesse ano em que estaremos ainda às voltas com as consequências do isolamento social ao qual fomos todos submetidos, estamos propondo nos debruçar sobre os laços fundamentais que ligam o bebê ao outro e constituem a base de sua estruturação psíquica.
Nesse sentido, com todas as alterações vividas pelas famílias e pelos profissionais da primeira infância, produzindo efeitos diretos sobre a vida dos bebês, cabe interrogar também quais serão as possíveis repercussões dessas alterações sobre o desenvolvimento e sobre a saúde mental das crianças pequenas.
O laço é essencialmente intersubjetivo, é aquilo que reúne e separa ao mesmo tempo. Na verdade, é o que faz a ponte, e supõe necessariamente um e outro, ou um e outros, sujeito e objeto(s), como costumamos falar no nosso jargão.
A fonte do laço ao outro é a pulsão que investe e busca o objeto, o laço será assim sempre marcado pelo afeto. Essencialmente, e qualquer que seja a qualidade do afeto implicado, o laço liga ao outro. E envolve necessariamente o reconhecimento da alteridade, quando se trata do laço objetal. Além disso, a identificação está sempre presente no laço.
O laço é também o lugar da transmissão dos fantasmas inconscientes, partilhados entre pais e filhos. É por isso que dizemos, na psicanálise, que os sintomas da criança se inscrevem nos fantasmas parentais.
Podemos lembrar que Freud compôs sua metapsicologia que trata da construção do psiquismo a partir dos “efeitos da ausência”, descrevendo os processos de representação e de simbolização do objeto ausente que levam à constituição do objeto interno. De certa forma, uma metapsicologia da ausência. Porém nas últimas décadas temos visto mais e mais trabalhos voltados para a compreensão dos “efeitos da presença”, uma metapsicologia da presença.
Na verdade, já na Psicologia de grupo e análise do ego (1921) Freud abriu o caminho para essa reflexão. Ao se interrogar sobre a modificação do indivíduo no interior de uma massa, ele busca uma explicação psicológica para essa transformação, que implica a restrição narcísica que os indivíduos experimentam nessa condição, e que seria proveniente de ligações libidinais de um novo tipo entre os membros da massa.
“Contudo, apenas raramente e sob certas condições excepcionais, a psicologia individual se acha em posição de desprezar as relações desse indivíduo com os outros (…) de maneira que, desde o começo, a psicologia individual, nesse sentido ampliado, mas inteiramente justificável das palavras, é, ao mesmo tempo, também psicologia social” (FREUD, 1921/1969, p. 91).
Foi a partir de seu trabalho sobre os pequenos grupos que Bion introduziu a noção do laço, definido por ele inicialmente como um mecanismo de identificação projetiva, e que mais tarde será descrito com a metáfora da função alpha da mãe, que, ao receber as projeções de sua criança, as contém e as desintoxica, antes de reenviá-las de volta ao bebê. Assim, nesse mecanismo, o que forma o laço é o duplo movimento, o da criança em direção de sua mãe, e do retorno da mãe para a criança.
E por fim, a partir das proposições de Winnicott sobre a transicionalidade e o objeto destruído-criado-encontrado, Roussillon dispõe-se a buscar uma compreensão que, considerando a pulsão e a constituição do objeto, leva também em conta a realidade e as características do objeto externo, na direção de um melhor entendimento do que se passa entre um sujeito e um objeto real, aproximando a ligação entre a constituição do objeto interno e o objeto real, guardando no entanto sempre uma perspectiva intrapsíquica.
Ao longo do ano, vamos buscar tratar dessas questões através de diferentes abordagens, considerando as vivências familiares e sociais do bebê, e como suas influências incidem sobre a construção progressiva de sua subjetividade.
Grupo de Pesquisa: “Psicanálise Ampliada e Contexto Social”
Coordenação: Carla Penna
Psicanálise Ampliada e Contexto Social é um núcleo de pesquisa do Círculo Psicanalítico. Promove encontros teórico-clínicos entre membros associados em formação e efetivos que trabalham ou interessam-se pelo trabalho de orientação psicanalítica realizado fora do setting analítico clássico. O núcleo aborda a complexidade do pensamento e do trabalho clínico realizado em instituições e em contextos sociais variados.
Grupo de Pesquisa: “Escutando o Corpo”
Coordenação: Carlos Augusto Belo e Rita Mac Dowell Tourinho
Grupo de pesquisa em PSICOSSOMÁTICA. Nosso grupo tem como objetivo estudar as manifestações psicossomáticas, mudas em sua representabilidade psíquica, de forma a serem entendidas como expressões de uma finalidade e de um sentido que lhes dão voz. Buscamos escutar algo não simbólico, que se faz no corpo, produzindo o que Joyce Mc Dougall chamou de PENSAMENTO SOMÁTICO.
Objetivo: Ampliar as fronteiras entre a PSICANÁLISE e a psicossomática, criando um espaço para a interlocução desses dois saberes.