Tema do Ano – 2019
“Transmissão, Tempo, História”
Falar de transmissão – tanto da transmissão da psicanálise quanto de transmissão psíquica – implica falar também da História e de histórias. Torna-se imprescindível, neste sentido, considerar o tempo e a vida em sociedade, isto é, a vida em contexto.
Nesse momento não custa lembrar que Walter Benjamin permitiu-nos pensar no conceito de história dentro de uma concepção de tempo bastante diferente da tradição ocidental. Benjamin (1994) fugiu tanto da ideia de história cíclica, composta de uma sequência de fases dentro da doutrina clássica do eterno retorno, quanto da ideia Agostiniana de tempo linear propondo a figura da constelação para designar a história (GAGNEBIN, 1994). Dessa forma: “a história é objeto de uma construção cujo lugar não é o tempo homogêneo e vazio, mas um tempo saturado de “agoras” (…) sob o livre céu da história” (BENJAMIN, 1994, p. 229). O tempo saturado de “agoras” é repleto de atualidades, isto é, cheio de pontos descontínuos como as estrelas no céu. O brilho de cada uma delas ajuda a compor a configuração do espaço sideral (CARDOSO, 2001).
Talvez, inspirados nas leituras benjaminianas, possamos também pensar na história da Psicanálise e das sociedades psicanalíticas, nas histórias das análises, nas histórias familiares, nas histórias privadas, coletivas… que se transmitem e se perpetuam através do tempo em cada sujeito, em cada sociedade.