Psicanálise e Cinema 2025
CICLO PSICANÁLISE E CINEMA 2025
CPRJ – SPCR
Organizadores:
Paulo Sérgio Lima Silva e Neyza Prochet
Psicanálise e cinema nasceram juntos em 1895. Em Viena, Freud publica, juntamente com Breuer, Estudos sobre a Histeria e dá os primeiros passos em direção à construção de sua teoria psicanalítica. Em dezembro e em Paris, os irmãos Lumière fazem a apresentação pública do primeiro produto de seu invento ao qual chamaram de Cinematógrafo. Louis e Auguste, filhos do fotógrafo e fabricante de filmes fotográficos Antoine Lumiére, filmaram a saída de operários de uma fábrica na França. A película foi apresentada no Grand Café, em Paris, para um público escasso de trinta e poucos presentes O evento, no entanto, causou enorme comoção, a notícia se alastrou e, em pouco tempo, o cinema conquistou o mundo e fez nascer uma indústria multibilionária. Poucos meses depois, o cinema chegou ao Brasil trazido pelos próprios irmãos Lumière, fazendo a primeira exibição de um filme no Rio de Janeiro, no dia 8 de julho de 1896.
A data próxima não é a única afinidade entre o cinema e a Psicanálise. A natureza multissensorial do cinema permite uma ligação imediata e profunda com o psiquismo do espectador porque este ultrapassa a linguagem oral acessando conteúdos não representados e não acessíveis pela via intelectual. A linguagem do cinema, tal como nos sonhos, é imagética. São universos que, embora povoados de muitos elementos retirados da realidade, ao mesmo tempo, mostram-se desconectados do espaço e tempo reais. As experiências que acontecem nestes locais privilegiados onde sonho e realidade borram suas fronteiras, permitem colocar a realidade factual em pausa e viver intensamente realidades distintas simultaneamente, protegidos da culpa, do medo e dos riscos. Esta dupla qualidade permite uma espécie de campo de experimentação em segurança, já que permite experiências diferenciadas sem a concretização efetiva destas, tendo-se sempre consciência de que o que se sente e o que se vive ocorrem em outro plano, que não o concreto.
Assim, como a experiência analítica, também nos oferece dimensões insubmissas aos limites do tempo e espaço convencionais e estabelecidos. Por todos estes motivos o tema escolhido este ano é Cinema e transtornos mentais: uma reflexão sobre os (des)caminhos dos adoecimentos psíquicos.
Embora a saúde mental já tenha sido tema de muitos roteiros de cinema, encontrar histórias que considerássemos bem retratadas, que pudessem acompanhar o processo histórico de transformações não só dos tratamentos envolvidos como, em especial, o modo como o sofrimento psíquico era visto (ou não visto) foi uma tarefa de monta. Também sabemos que o valor de um filme não pode ser medido apenas pela precisão dos sintomas apresentados de uma ou outra patologia. Buscamos narrativas onde a doença mental pudesse ser apresentada como um fenômeno que atinge a qualquer um, em qualquer lugar e não como resultante de uma tragédia ou circunstâncias extraordinárias.
Desejamos, nesta breve seleção, que cada um dos filmes apresentados possa interpelar o espectador, incitá-lo a olhar-se em sua interioridade, provocar lembranças e associações. Esperamos que eles agradem, perturbem, atraiam ou desagradem quem os assiste, mas independente do afeto despertado, que possam criar um espaço de reflexão sobre os diversos modos de sofrimento de um indivíduo em seu viver.
Os Coordenadores:
Neyza Prochet
Paulo Sérgio Lima Silva
Cinema e transtornos mentais: uma reflexão sobre os (des)caminhos do
adoecimento psíquico
• 25 de abril. Interiores (Interiors)
1h 33min – Diretor: Woody Allen, 1978.
Comentadores: Hedilane Alves Coelho (CPRJ) e Elizabeth Hermanson (SPCRJ)
• 16 de maio. Shame (Shame)
1h 53min – Diretor: Steve McQueen, 2012.
Comentadores: Denise Cabral (CPRJ) e Cid Merlino Fernandes (SPCRJ)
• 27 de junho. Cisne Negro (Black Swan)
1h 37min – Diretor: Darren Aronofsky, 2010.
Comentadores: Diana Dadoorian (CPRJ) e Maria Lucia Fradinho (SPCRJ)
• 15 de agosto. Mínimo para Viver (To the Bone)
1h 47min – Diretor: Marti Noxon, 2017.
Comentadores: Dirce de Sá Freire (CPRJ) e Anna Elisa Penalber (SPCRJ)
• 10 de outubro. Transtorno Impulsivo (System Crasher)
1h 59m – Diretor: Nora Fingscheidt, 2019.
Comentadores: Maria de Fátima Junqueira Marinho (CPRJ) e Roberta Mendes (CBPRJ)







