Tema do Ano – 2023
CONVITE PARA SUBMISSÃO DE ARTIGOS PARA OS CADERNOS DE PSICANÁLISE (CPRJ)
Prezados Colegas,
Neste ano de 2023, o tema de trabalho do CPRJ é:
Há uma fenda em tudo, é assim que a luz entra:
abrindo espaço para invisibilidades e sonhos
Partamos, uma vez mais, daquilo que nos dizem os artistas. Ouçamos a canção Hino de Leonardo Cohen: “Esqueça sua oferenda perfeita. Há uma fenda em tudo, é assim que a luz entra”[1].
A psicanálise nunca se considerou uma oferenda perfeita. Quase sempre procuramos encarar de frente invisibilidades e desmentidos. Admitir nossas fendas, os modos como a luz penetra, bem como as opacidades que a ofuscam, são questões eminentemente psicanalíticas, historicamente determinadas.
Desde o ano passado, a proposta das Comissões do CPRJ têm sido a de encarar de frente as persistências de um Brasil colonial, escravocrata e patriarcal que insiste em reproduzir invisibilidades e desmentidos em suas instituições e em cada um de nós. Racismo estrutural, branquitude, o questionamento do elitismo da formação psicanalítica, a expansão da psicanálise em extensão e seus impactos subjetivos, clínicos e institucionais, passaram a ser encarados como fendas através das quais teríamos que deixar passar a luz.
O respeito à singularidade dos analisandos, um dos princípios básicos da psicanálise, tem nos levado à inclusão cada vez mais expressiva da diversidade que termina por promover mudanças substantivas na teoria e na prática psicanalíticas.
Se perguntarmos a quem e a que se destina a psicanálise ao longo do tempo, tudo parece apontar para um processo de inclusão – seja dos psicóticos, seja de analisandos em que prevalecem questões traumáticas pouco simbolizadas, seja de processos de subjetivação cada vez mais diversos quanto à cultura, à história de vida e à sexualidade.
Por outro lado, o próprio dispositivo analítico tendeu a se diversificar com as clínicas sociais, atendimentos face a face, atendimentos uma vez por semana, em grupo e, recentemente, a legitimação dos atendimentos on-line.
Avançamos encarando invisibilidades e desmentidos, o que nos convoca, sempre e cada vez mais, a nos instituir de modo a ocupar um “lugar de escuta” frente à toda esta diversidade. Os desafios daí resultantes precisam ser constantemente revisitados em nossa formação permanente.
Reconhecer nossa branquitude, nossas identidades e identificações são desafios a serem aprofundados para que possamos ocupar o lugar de analista. Encarar nossas contratransferências e resistências possibilita a emergência e perlaboração das especificidades dos analisandos.
Nosso desafio para o ano de 2023 é deixar a luz passar de um certo modo e com uma certa intensidade, um resgate da capacidade de sonhar e de construir uma psicanálise mais inclusiva e democrática.
Assim, a equipe editorial dos Cadernos de Psicanálise (CPRJ) convida os membros do CPRJ e os demais pesquisadores das Ciências Humanas a encaminharem artigos sobre essa ampla temática com a qual trabalharemos ao longo de 2023. Os textos recebidos poderão ser publicados em algum dos dois volumes da nossa revista, Cadernos de Psicanálise, que lançaremos neste ano: o primeiro em agosto e o segundo em novembro.
Artigos não temáticos são recebidos de modo contínuo.
As instruções aos autores encontram-se em: https://cprj.com.br/ojs_cprj/index.php/cprj/normas
[1] Trecho da música Anthem de Leonard Cohen (1934/2016) do álbum The Future de 1992. Trata-se de um Hino contra a Guerra.
Equipe Editorial
Maria Theresa da Costa Barros, Bernardo Arbex, Bruno Lages, Carla Penna, Maicon Cunha e Regina Orth de Aragão